PMs que sequestravam criminosos e pediam resgate são presos

Um deles já estava detido desde o ano passado

Dois policiais militares e outros dois homens foram presos nesta quinta-feira (27) suspeitos de sequestrar e extorquir pessoas em Salvador. Outro PM também está sendo investigado pelos mesmo crimes e é considerado foragido. Os cinco tinham mandados de prisões expedidos pela Justiça. O grupo faz parte de uma quadrilha que começou a ser presa em outubro de 2015. 
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o grupo sequestrava criminosos que ainda não haviam sido presos, ou parentes deles, e exigia pagamento pelo resgate. Em 2015, a Polícia Civil divulgou que alguns deles faturavam até R$ 26 mil por semana praticando esses crimes.
O soldado Maurício Santana Santos, 35 anos, já estava preso. Ele está custodiado no Batalhão de Choque da PM desde agosto deste ano pelos mesmos delitos e é apontado pela polícia como um dos líderes da quadrilha. Maurício é lotado na 39ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/ Imbuí e Boca do Rio), foi preso pela primeira vez em outubro do ano passado, solto em março de 2016 e capturado novamente em agosto deste ano. 
PMs Clóvis (verde) e Maurício (azul) (Foto: Polícia Civil)
O soldado Clóvis de Miranda Silva, 34, é lotado na 23ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/ Tancredo Neves) e também foi preso pela primeira vez em outubro de 2015. Ele estava solto, mas foi novamente detido na tarde desta quinta-feira. O soldado foragido foi identificado como Jorge Ádson Cruz, mas a unidade onde ele é lotado não foi divulgada. Os dois civis presos não tiveram os nomes revelados. 
As prisões desta quinta-feira foram realizadas através de um trabalho conjunto da Força-Tarefa da SSP composta pelas corregedorias Geral e da Polícia Militar, além dos departamentos de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP).
Modus OperandiEm outubro de 2015, quando aconteceram as primeiras prisões, o diretor do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), delegado Moisés Damasceno, contou que a quadrilha era especializada em sequestros e extorsões e agia sempre da mesma maneira. 
"Eles usavam um carro, geralmente um Gol preto ou um Gol grafite escuro, com placa fria. Se identificavam como policiais civis de uma delegacia qualquer, algemavam a vítima e a levava com eles, como se fosse para uma averiguação", contou o delegado, na época.
Ainda de acordo com o investigador, depois de entrar no veículo a vítima tinha o rosto coberto com um capuz para não saber para onde estava indo. "Eles rodavam com a pessoa no carro e faziam ameças, pressão psicológica, para poder conseguir dinheiro", disse.
Na época, a polícia suspeitava de sete casos envolvendo a quadrilha, mas acreditava que esse número poderia ser maior. "Eles escolhiam pessoas que tinha problemas com a polícia ou a Justiça porque sabiam que seria mais difícil essas pessoas procurarem uma delegacia. Suspeitamos que a quadrilha seja maior e que outras pessoas se revesavam na abordagem às vítimas, então, ainda estamos investigando", afirmou.
Um dos carros usados nos sequestros foi apreendido junto com o grupo. O Gol grafite tem a placa JDH 3336, segundo a polícia, a mesma usada para praticar os crimes. A placa é fria e foi identificada diversas vezes por testemunhas dos sequestros. Ainda segundo a polícia, o grupo agia desde 2014 e em diferentes pontos da cidade.
Caso Joel
O nome do PM Maurício aparece na lista dos nove militares investigados no caso da morte do menino Joel, assassinado dentro de casa em novembro de 2010 durante uma operação da Polícia Militar no bairro do Nordeste de Amaralina. 
Joel tinha dez anos e estava se preparando para dormir quando foi baleado na cabeça. Os policiais foram denunciados pelo Ministério Público da Bahia por crime doloso triplamente qualificado - cometido por motivo torpe, oferecendo perigo comum e impossibilitando a defesa da vítima.











Fonte  Correio da Bahia
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