O advogado acredita que houve negligência no caso
A família da escrivã Loane Maranhão Thé, assassinada na quinta-feira por um suspeito de estupro que prestava depoimento em uma delegacia, vai processar o Governo do Maranhão pelo crime. O tio de Loane, Nazareno Thé, que é o advogado da família, diz que o estado deveria proporcionar uma segurança mínima para o trabalho da policial e é responsável pela morte dela no local de serviço.
Francisco Alves foi intimado para comparecer à Delegacia da Mulher de Caxias, no Maranhão, para prestar depoimento sobre acusação de estuprar as duas filhas de 15 e 17 anos. As duas procuraram a polícia para denunciar abusos que sofriam desde crianças.
O advogado acredita que houve negligência no caso. "Primeiro ela não poderia colher depoimento. Isso é uma atribuição exclusiva do delegado do distrito. Para ela, como escrivã, caberia apenas acompanhar o delegado durante o procedimento e coletar as informações para colocá-las em forma de documento", disse Nazareno ao G1.
Ele ainda diz que o suspeito deveria passar por revista antes de entrar para prestar depoimento. "Ele foi intimado e compareceu a Delegacia da Mulher de Caxias para prestar esclarecimentos sobre a acusação do crime de estupro contra duas filhas. Uma pessoa dessa deveria ser tratada com cautela e o delegado deveria estar presente para comandar o depoimento, assim como outro agente deveria revistá-lo na porta de entrada da delegacia", defende.
Nazareno também irá trabalhar na acusação do suspeito. "Pediremos uma punição pelos dois crimes, o homicídio duplamente qualificado com requintes de crueldade, já que ele desferiu um golpe no pescoço e no coração dela, e deve responder também pela tentativa de homicídio contra a outra investigadora que foi ferida durante a fuga dele da delegacia", diz.
O delegado Celso Rocha, regional de Caxias, confirmou que a escrivã estava só com o suspeito no momento do crime e que não é de praxe que um agente colha o depoimento, mas que o procedimento é comum. "A delegada e o policial de plantão estavam no prédio, enquanto a escrivã conversava com o suspeito em uma sala separada. Essa é uma prática casual em muitas delegacias, às vezes um depoimento é colhido sem a presença do delegado", explica.
O delegado diz ainda que é inconstitucional abordar para revista uma pessoa que foi apenas intimada a prestar depoimento, comparecendo de vontade própria. "Ele não tinha passagens pela polícia e nós não temos essa prática de revistar pessoas intimadas", contou.
Francisco confessou o crime e disse que atacou a escrivã por medo de ser preso.
Em nota, o superintendente de Polícia Civil do interior do estado do Maranhão, Jair Lima de Paiva Júnior, disse que todos os procedimentos administrativos já foram tomados para investigar se houve falha de conduta de servidores na delegacia.
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Loane foi morta dentro de delegacia no Maranhão (Foto: Reprodução/Facebook)
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